Neologismos com Carlos Drummond de Andrade
“Quero que todos os dias do ano, todos os dias da vida, de meia em meia hora,
de 5 em 5 minutos me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo, creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior e no seguinte, como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão que me amas, que me amas, que me amas.
Do contrário evapora-se a amação, pois ao não dizer “eu te amo”,
desmentes, apagas teu amor por mim...”.
(Quero/Carlos Drummond de Andrade)
Drummond foi um poeta da segunda parte do Modernismo. Entretanto, não há muitos traços das características deste período em suas obras. Período este que se iniciou com a Semana da Arte Moderna em 1922 estendendo-se até 1945. Nota-se que Drummond falava muito sobre a vida cotidiana e há fortes traços de individualismo em suas palavras. de 5 em 5 minutos me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo, creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior e no seguinte, como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão que me amas, que me amas, que me amas.
Do contrário evapora-se a amação, pois ao não dizer “eu te amo”,
desmentes, apagas teu amor por mim...”.
(Quero/Carlos Drummond de Andrade)
Mas, vamos atentar para a palavra que ele utiliza para intensificar a ação do muito amar, ou seja, a “amação”.
Drummond realizou a junção de dois termos já existentes em nossa língua, ou seja, o verbo amar com o sufixo “ão” que intensifica as palavras em que estão inseridos.
Tais junções e/ou alterações ocorrem porque ao longo do tempo toda Língua passa por modificações. Isto se justifica pela necessidade que temos estabelecer contínua comunicação, principalmente frente aos avanços tecnológicos e as constantes descobertas no campo científico.
A estas alterações atribuímos o nome de Neologismo.
Observe estas palavras de Manuel Bandeira:
“... Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras que traduzem a ternura mais funda e mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo: Teadoro, Teodora”. (Neologismo)
Sendo assim, afirmamos que neologismo é o:
“Uso de palavra ou expressão nova, com base em léxico, semântica e sintaxe preexistentes, na mesma língua ou em outra; Qualquer palavra ou expressão resultante desse processo”. (Aulete – Dicionário Virtual)
Veja também estas palavras de Drummond:
“Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?
Amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? Sempre, e até de olhos vidrados, amar?”(Amar)
No caso, Drummond realiza a junção do verbo amar e o advérbio de modo “mal”.
Há várias formas de neologismos, entre eles os literários, os científicos, os técnicos, os populares, os completos e incompletos e os que provêm de palavras estrangeiras. Considera-se que as constantes descobertas tecnológicas são uma dos principais motivos para a inserção de novos termos em nossa Língua.
Para concluir, veja estes exemplos de neologismos populares e note quantas vezes os utilizamos no decorrer dos nossos dias:
Prensadão (Cachorro quente), gato (Ligação clandestina de eletricidade), laranja (Falso proprietário), picareta (Indivíduo de má índole).
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