sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Os naipes do baralho


Este assunto é abordado no site do professor Cláudio Moreno. Ele, por sua vez, se socorreu no estudioso “Questões de Língua Portuguesa”, Adolfo Coelho, (Porto, 1874), que traz a questão dos naipes: copas, paus, espadas e ouros referem-se às figuras que identificam os naipes do baralho espanhol, que ainda hoje pode ser encontrado nas mãos habilidosas das cartomantes e das ciganas. As cartas de copas trazem a figura de taças (em espanhol, copa); as de paus trazem a figura de bastões ou cajados (em espanhol basto; comparem com o português, bastão); as de ouros trazem a figura de moedas de ouro; finalmente, as de espadas apresentam, previsivelmente, a figura de gládios (ou espadas curtas).
Depois do Renascimento, contudo, começa a difundir-se por toda a Europa o modelo de baralho francês, que hoje impera em todos os cantos do planeta, com os naipes representados da forma que conhecemos: "coeur" (como o nome diz, um coração); "pique" (uma ponta de lança); "trèfle" (um trevo); "carreau" (um quadrado, que passou depois a losango). Quando as cartas francesas, muito mais práticas, entraram em Portugal, nossos antepassados, em vez de darem aos novos naipes o nome correspondente do francês, preferiram aplicar a eles os nomes do baralho espanhol, a que já estavam habituados. Por isso temos esse descompasso entre o nome e a figura: as copas não têm mais taças, mas corações; as espadas não têm mais gládios, mas pontas de lança; os paus não têm mais bastões, mas trevos; os ouros não têm mais moedas, mas losangos.
Na verdade, o desenho do baralho atual incorpora ainda traços de outra língua ocidental: o inglês. Os desenhistas ingleses introduziram um importante aperfeiçoamento no modelo primitivo, concebendo um desenho em que todas as cartas (especialmente as figuras) trazem sua imagem invertida, a fim de permitir que todas as cartas na vertical estejam em posição de jogar. Por isso, entraram no modelo atual as letras "K", "Q" e "J", iniciais que correspondem, respectivamente, às palavras inglesas "King" (o rei); "Queen" (a rainha, que nós chamamos de dama); e "Jack" (o valete, que algumas regiões do Brasil e de Portugal chamam também de conde ou cavalo).
Fonte:(Hélio Consolaro )