sábado, 23 de fevereiro de 2013

Afinal, o que é crase?

A crase gera muita confusão no cotidiano das pessoas. Crase não é acento. O nome do acento usado na crase é acento grave ( ` ). Mas com um pouco de estudo e dedicação podemos melhorar um pouco a nossa escrita.

Afinal, o que é crase?

A palavra crase é de origem grega e significa "fusão", "mistura". Na língua portuguesa, é o nome que se dá à "junção" de duas vogais idênticas. Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O uso apropriado do acento grave, depende da compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes que exigem a preposição "a". Aprender a usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome. Observe:

Vou a   a igreja.
Vou à igreja.

No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição "a", exigida pelo verbo ir (quem vai , vai  a algum lugar) e a ocorrência do artigo "a" que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave.


Casos em que ocorre a crase

1.Antes de substantivo feminino que exija artigo:

Aos poucos adaptei-me à turma.

Quem se adapta, adapta-se a alguma coisa. A quê? A turma.

Portanto: Adapta-se a + a turma = à turma

2.Antes de nomes de localidades, quando tais nomes admitem o artigo a:
Viajaremos à Colômbia.
Aqui podemos usar a velha técnica do verso:
Quando vou e volto da, é preciso crasear,
Quando vou e volto de, crasear pra quê?
Ex.: Vou a Curitiba. Volto de Curitiba. (Volto de, portanto não recebe crase)
Vou à Bahia. Volto da Bahia. (Volto da, portanto é preciso crasear!)

3.Antes de numeral, seguido da palavra hora, mesmo subentendida:
Chegaram às quatro horas.
Às oito e quinze o despertador soou.

4.Antes de substantivo, quando se puder subentender a palavra moda ou maneira:
Aos domingos, trajava-se à inglesa.

5.Antes da palavra casa, se esta vier determinada:
Retornou à casa paterna.
Obs.: Não há crase se a palavra casa se refere ao próprio lar.
Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis.

6.Antes da palavra terra, se esta não for antônima de bordo:
Voltou à terra onde nascera.
Os marinheiros vieram a terra.

7.Com o a dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo, quando completam  sentido de um verbo que exija preposição:
Entregou um prêmio àquele aluno.
Quem entrega um prêmio, entrega a alguém. a + aquele = àquele
Chegou àquela região inóspita.
Quem chega, chega a algum lugar.
Um modo prático de esclarecer dúvidas a respeito do emprego ou não da crase, consiste em substituir os pronomes aquele, aquela, aquilo por este, esta, isto ou isso e observar se vêm regidos de preposição:
Entregou o prêmio àquele aluno. Entregou o prêmio a este aluno.
Chegou àquela região inóspita. Chegou a esta região inóspita.

8.Nas locuções:
Prepositivas: à beira de, à espera de, à cata de, à vista de, à semelhança de
Conjuntivas: à medida que, à proporção que...
Adverbiais femininas: às, cegas, às claras, às escondidas, à toa, às pressas, às vezes, à esquerda, à direita, à força, à tarde, à noite...

9.No a que precede os pronomes que, qual e quais, quando o verbo ou o nome exigir preposição. Isto pode ser verificado, substituindo-se o antecedente por uma palavra masculina. Se o a se transformar em ao, há crase.
A situação em que me encontro é igual à que superaste.
O impasse em que me encontro é igual ao que superaste.

10.Quando o artigo está desacompanhado do respectivo substantivo:
O atleta correu da quadra de tênis à de basquete.

 Casos em que não ocorre a crase:
1.Antes de substantivos masculinos:
Iremos a cavalo

2.Antes de artigo indefinido:
Fui a uma região árida.

3.Antes de verbo:
Convenceu-me a aceitar o cargo.

4.Antes de pronomes de tratamento:
Remetemos a Vossa Senhoria a encomenda.

5.Antes de pronomes pessoais, demonstrativos e indefinidos que não admitem artigo:
Entreguei o bilhete a ela.
Solicitou ajuda a quem o ouvisse.
Não compareceu a esta reunião.
Obs.: É comum, porém, o emprego de artigo definido diante do indefinido outro. Podemos ter, então: Estavam coladas umas às outras.

6.Depois de preposição:
Depôs perante a comissão de inquérito.

7.Quando o a estiver no plural e for seguido de palavra no plural:
Nunca fui a gafieiras.

8.Na locução a distância, a menos que se determine a distância:
O líder assistia a tudo a distância.
O líder assistia a tudo à distância de cem metros.

9.Nas locuções de palavras repetidas:
Cara a cara, face a face, frente a frente...

Casos em que a crase é facultativa:
1.Antes de nome próprio referente a pessoa:
Ofereci um poema a/à Helena.

2.Antes de pronomes possessivos:
Dirigiu-se a palavra a/à nossa secretária.

3.Com a preposição até:
Fui até a/à rua.

Fonte da Imagem: http://redeglobo.globo.com/platb/files/2470/2013/05/crase1-e1367611709713.jpg

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