A crase gera muita confusão no cotidiano das pessoas. Crase não é acento. O nome do acento usado na crase é acento grave ( ` ). Mas com um pouco de estudo e dedicação podemos melhorar um pouco a nossa escrita.
Afinal, o que é crase?
A palavra crase é
de origem grega e significa "fusão", "mistura". Na língua
portuguesa, é o nome que se dá à "junção" de duas vogais idênticas.
Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O uso
apropriado do acento grave, depende da compreensão da fusão das duas vogais. É
fundamental também, para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos
e nomes que exigem a preposição "a". Aprender a usar a crase,
portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma
preposição e um artigo ou pronome. Observe:
Vou a a igreja.
Vou à igreja.
No exemplo acima,
temos a ocorrência da preposição "a", exigida pelo verbo ir
(quem vai , vai a algum lugar) e a
ocorrência do artigo "a" que está determinando o substantivo
feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se
unem, a união delas é indicada pelo acento grave.
Casos em que ocorre a crase
1.Antes de substantivo feminino que exija
artigo:
Aos poucos
adaptei-me à turma.
Quem se
adapta, adapta-se a alguma coisa. A quê? A turma.
Portanto:
Adapta-se a + a turma = à turma
2.Antes de nomes de localidades, quando
tais nomes admitem o artigo a:
Viajaremos à
Colômbia.
Aqui podemos
usar a velha técnica do verso:
Quando vou e
volto da, é preciso crasear,
Quando vou e
volto de, crasear pra quê?
Ex.: Vou a Curitiba. Volto de Curitiba. (Volto de,
portanto não recebe crase)
Vou à Bahia. Volto da Bahia. (Volto da,
portanto é preciso crasear!)
3.Antes de numeral, seguido da palavra
hora, mesmo subentendida:
Chegaram às quatro horas.
Às oito e quinze o despertador soou.
4.Antes de substantivo, quando se puder
subentender a palavra moda ou maneira:
Aos
domingos, trajava-se à inglesa.
5.Antes da palavra casa, se esta vier
determinada:
Retornou à casa paterna.
Obs.: Não há
crase se a palavra casa se refere ao próprio lar.
Não tive
tempo de ir a casa apanhar os
papéis.
6.Antes da palavra terra, se esta não for
antônima de bordo:
Voltou à terra onde nascera.
Os marinheiros
vieram a terra.
7.Com o a dos pronomes demonstrativos
aquele(s), aquela(s), aquilo, quando completam sentido
de um verbo que exija preposição:
Entregou um
prêmio àquele aluno.
Quem entrega
um prêmio, entrega a alguém. a + aquele = àquele
Chegou àquela
região inóspita.
Quem chega,
chega a algum lugar.
Um modo
prático de esclarecer dúvidas a respeito do emprego ou não da crase, consiste
em substituir os pronomes aquele,
aquela, aquilo por este, esta, isto ou isso e observar se vêm regidos de
preposição:
Entregou o
prêmio àquele aluno. Entregou o
prêmio a este aluno.
Chegou àquela região inóspita. Chegou a esta região inóspita.
8.Nas locuções:
Prepositivas:
à beira de, à espera de, à cata de, à vista de, à semelhança de
Conjuntivas:
à medida que, à proporção que...
Adverbiais
femininas: às, cegas, às claras, às escondidas, à toa, às pressas, às vezes, à
esquerda, à direita, à força, à tarde, à noite...
9.No a que precede os pronomes que,
qual e quais, quando o verbo ou o nome exigir preposição. Isto pode ser
verificado, substituindo-se o antecedente por uma palavra masculina. Se o a se
transformar em ao, há crase.
A situação
em que me encontro é igual à que
superaste.
O impasse em
que me encontro é igual ao que
superaste.
10.Quando o artigo está desacompanhado do
respectivo substantivo:
O atleta
correu da quadra de tênis à de
basquete.
Casos em que não ocorre a crase:
1.Antes de substantivos masculinos:
Iremos a cavalo
2.Antes de artigo indefinido:
Fui a uma
região árida.
3.Antes de verbo:
Convenceu-me
a aceitar o cargo.
4.Antes de pronomes de tratamento:
Remetemos a
Vossa Senhoria a encomenda.
5.Antes de pronomes pessoais,
demonstrativos e indefinidos que não admitem artigo:
Entreguei o
bilhete a ela.
Solicitou
ajuda a quem o ouvisse.
Não compareceu
a esta reunião.
Obs.: É
comum, porém, o emprego de artigo definido diante do indefinido outro. Podemos
ter, então: Estavam coladas umas às outras.
6.Depois de preposição:
Depôs
perante a comissão de inquérito.
7.Quando o a estiver no plural e for
seguido de palavra no plural:
Nunca fui a
gafieiras.
8.Na locução a distância, a menos que se
determine a distância:
O líder
assistia a tudo a distância.
O líder
assistia a tudo à distância de cem metros.
9.Nas locuções de palavras repetidas:
Cara a cara,
face a face, frente a frente...
Casos em que a crase é facultativa:
1.Antes de nome próprio referente a pessoa:
Ofereci um
poema a/à Helena.
2.Antes de pronomes possessivos:
Dirigiu-se a
palavra a/à nossa secretária.
3.Com a preposição até:
Fui até a/à rua.
Fonte da Imagem: http://redeglobo.globo.com/platb/files/2470/2013/05/crase1-e1367611709713.jpg